Seleção de filmes

Confira a seleção e as sinopses dos filmes selecionados pelo projeto.

Confira a seleção e as sinopses dos filmes selecionados pelo projeto.

Limite (1931) de Mário Peixoto

Um barco está perdido no oceano com três náufragos – um homem e duas mulheres. Sem ter o que fazer e com pouquíssimas esperanças de salvação, cada um deles passa a contar para os demais a história de suas vidas, relembrando os acontecimentos que os levaram até ali, três destinos à deriva, confinados em um espaço onde tudo é limite.

O Comprador de fazendas (1951) de Alberto Pieralisi

O fazendeiro arruinado Moreira quer vender sua propriedade, Fazenda do Espigão, no Vale do Paraíba. Sua mulher coloca um anúncio no jornal. Ao receber um telegrama de um possível comprador, Moreira faz um acordo com seus credores e juntos concordam em se fazerem passar por empregados e arrumarem a aparência do lugar, colocando árvores e plantas, trazendo animais e máquinas e pintando a casa. O interessado é Pedro Trancoso, um pintor de paredes que leu o anúncio e se apresenta pensando, na verdade, apenas em se aproveitar da situação e passar um bom fim-de-semana no campo.

Tico-Tico no Fubá (1952) de Adolfo Celi 

Trata-se de uma biografia do compositor popular Zequinha de Abreu (Anselmo Duarte). Modesto funcionário público de uma pequena cidade, estava noivo de Durvalina (Marisa Prado), a moça mais bonita do lugar. Encarregado de cobrar a taxa municipal do circo que acabara de se instalar, aí ele conhece a amazona do cirso, por quem se apaixona. Rouba-lhe uma partitura e a executa durante o espetáculo, deixando Durvalina enciumada. Nesta noite ele compõe Tico-Tico no fubá. Tomado de remorso, Zequinha acaba com o romance com a amazona e casa-se com Durvalina, porém, frustrado começa a beber e acaba ficando doente. Aconselhado a ir para São Paulo para se curar, um dia encontra por acaso a amazona e, enquanto tocava a música que havia composto para, ela emociona-se e morre.

Nadando em dinheiro (1952) de Abilio Pereira de Almeida e Carlos Thiré

Isidoro, depois de um acidente de carro, descobre que é herdeiro único de uma grande fortuna. Muda-se para a mansão herdada e começa a viver como milionário. Num jantar de gala descobre que as pessoas presentes à festa caçoavam de seus modos de novo rico. Isidoro começa a ter uma vida dupla, que acaba provocando uma série de confusões. Quando sua esposa decide deixá-lo, ele lhe conta de sua nova situação financeira pedindo-lhe, em vão, que volte. Triste, ele volta à sua mansão, onde é atacado por robôs que comprara de um investidor. Contudo, quando os robôs atacam, Isidoro acorda em sua pequena casa ao lado de sua mulher e filha. Nadando em dinheiro, mas…. em sonho.

Uma pulga na balança (1953) de Luciano Salce

Um ladrão se deixa prender voluntariamente. Uma vez instalado na prisão ele procura nos jornais, diariamente, os nomes mais ilustres falecidos e envia, às suas famílias, uma carta extremamente comprometedora onde fica explícito que o falecido era seu parceiro num grande golpe. Essa maneira engenhosa de chantagem deixa consternada a família do morto que se apressa em pagar-lhe para manter o seu silêncio. A estória se desenrola em um ambiente no qual a hipocrisia dos herdeiros contrasta com a vida alegre e feliz de Dorival em sua cela, onde recebe suntuosamente suas vítimas.

Sinhá Moça (1953) de Tom Payne

Na pequena cidade de Araruna, no fim do século passado, as contínuas fugas de escravos traziam os grandes senhores alarmados, em especial o coronel Ferreira (José Policena). É nessa ocasião que sua filha Sinhá Moça (Eliane Lage) regressa de São Paulo dominada pelos ideais abolicionistas. Em sua viagem de volta conhece Rodolfo Fontes (Anselmo Duarte), filho de um renomado médico de Araruna, abolicionista entusiasta. No primeiro instante os dois jovens sentem-se mutuamente atraídos, porém, logo ela descobre as tendências escravocratas de Rodolfo e trava-se em seu espírito a luta entre seu amor pelo jovem e suas convicções humanitárias. O responsável pela fuga de escravos é levado ao tribunal e, para surpresa de todos, o jovem Rodolfo, confesso escravocrata, serve-lhe de advogado de defesa.

Candinho (1954) de Abílio Pereira de Almeida

Como o Moisés bíblico, Candinho foi encontrado nas águas, só que nas águas sujas de um riacho. Ao seu lado estava um jumentinho, chamado Policarpo. Candinho e o jumento crescem juntos, mas, um dia Candinho, um pouco mais inteligente que Policarpo, convenceu-se de que a vida era muito dura: por qualquer coisa errada, era espancado pelo seu benfeitor, o proprietário da fazenda, e decide fugir para São Paulo. A grande Babel assusta os dois caipiras. Candinho conhece Filoca, uma taxi-girl por quem se apaixona. Qualquer semelhança, mesmo que vaga, com o Cândido de Voltaire é claramente intencional.

Os traficantes do crime (1958) de Mario Latini.

O tráfico de drogas da época é corajosamente abordado. Paulo é chefe de uma quadrilha de traficantes. Solange, que devido a seu noivo, um policial encarregado de descobrir como operavam com o tráfico de tóxicos, ter sido assassinado, torna-se uma grande e prestimosa colaboradora da polícia. Hugo, detetive da seção de tóxicos e mistificações, encarregado por seus superiores para descobrir para descobrir os crimes da bem organizada quadrilha de traficantes. Maurício, amigo do detetive Hugo, repórter policial de O Dia, que consegue infiltrar-se, junto com Solange, na quadrilha. Olavo é aliciador de adeptas à cocaína e outros tóxicos.

O grande momento (1958) de Roberto Santos

Um jovem paulista da classe média vê os seus problemas financeiros quase estragarem o dia de seu casamento. Acontece que ele não tem dinheiro pra pagar os últimos preparativos. Correndo contra o tempo, ele se vê forçado a vender tudo que possui de mais valor, inclusive sua bicicleta, para poder arcar a festa, o alfaiate e até a noite de núpcias.

Orfeu Negro (1960) de Marcel Camus

No Carnaval, Orfeu (Breno Mello), condutor de bonde e sambista do morro, se apaixona por Eurídice (Marpessa Dawn), uma jovem do interior que vem para o Rio de Janeiro fugindo de um estranho fantasiado de Morte (Ademar da Silva). O belo amor de Orfeu por Eurídice, no entanto, desperta a ira da ex-noiva do galã, Mira (Lourdes de Oliveira) e a Morte acompanha tudo de perto.

O Assalto ao Trem Pagador (1962) de Roberto Farias. Roteiro: Roberto Farias. Produção: Herbert Richers.

Baseado em fatos, o assalto ao trem de pagamentos do Banco do Brasil ocorrido em 1960, no Rio de Janeiro. Gangue de bandidos liderada pelo temível Tião Medonho organiza e executa um roubo do trem (comboio) de pagamentos. Enquanto a polícia chega a suspeitar de uma quadrilha de bandidos internacionais pela ousadia do plano, os assaltantes se misturam à realidade da pobreza e da violência brasileiras. Filme foca os métodos policiais para desvendar o crime. Um grande clássico.

O Pagador de Promessas (1962) de Anselmo Duarte

Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba

Cinco vezes favela (1962) de Marcos Farias (Ep.1), Miguel Borges (Ep.2), Carlos Diegues (Ep.3), Joaquim Pedro de Andrade (Ep.4) e Leon Hirszman (Ep.5).

1- “Um favelado”: Um favelado, desempregado e sem dinheiro, arquiteta um plano para ganhar dinheiro, mas é descoberto e preso pela polícia. 2- “Zé da cachorra”: Um latifundiário quer de volta suas terras, onde está instalada uma favela. Um favelado luta contra a passividade de uma comissão de moradores, que estão aceitando a situação desfavorável que lhes foi imposta. 3- “Escola de Samba Alegria de Viver”: Um favelado, presidente do grêmio recreativo, divide-se entre lutar pela sua categoria ou aceitar as imposições comerciais do carnaval. 4- “Couro de gato”: Moradores favelados caçam gatos a fim de usar seu couro para fabricar tamborins, que serão usados no carnaval. 5- “Pedreira de São Diogo”: No Rio de Janeiro, sobre uma pedreira há uma favela. Ao perceberem o risco de desabamento dos barracos, em consequência das explosões de dinamite, os operários incitam os moradores a iniciar movimento de resistência para impedir um acidente fatal.

Boca de Ouro (1963) de Nelson Pereira dos Santos

Prepotente e cruel, Boca de Ouro (Jece Valadão) mandou arrancar todos os dentes perfeitos, substituindo-os por uma dentadura de ouro. Ele também cultiva o sonho de ser enterrado num caixão de ouro, só para compensar o trauma de ter nascido numa gafieira e de ter sido abandonado pela mãe numa pia de banheiro. O repórter Caveirinha (Ivan Cândido), designado para descobrir a verdadeira história do marginal, resolve entrevistar sua ex-amante Guigui (Odete Lara), que conta três diferentes versões da vida do bicheiro. Em todas elas estão envolvidos Leleco (Daniel Filho), um malandro desempregado, sua mulher Celeste (Maria Lúcia Monteiro) e três ricaças.

Ganga Zumba (1963) de Carlos Diegues

O filme começa num engenho de cana-de-açúcar, no nordeste brasileiro, entre os séculos XVI e XVII. Inspirados pelo Quilombo dos Palmares, uma comunidade de negros fugidos da escravidão, situada na Serra da Barriga, alguns escravos tramam a fuga para lá. Entre eles, se encontra o jovem Ganga Zumba, futuro líder daquela república revolucionária, a primeira de toda a América.

Vidas Secas (1964) de Nelson Pereira dos Santos

Uma família miserável tenta escapar da seca no sertão nordestino. Fabiano (Átila Iório), Sinhá Vitória (Maria Ribeiro), seus dois filhos e a cachorra Baleia vagam sem destino e já quase sem esperanças pelos confins do interior, sobrevivendo às forças da natureza e à crueldade dos homens. Adaptação da obra de Graciliano Ramos. Imperdível!!

Noite Vazia (1964) de Walter Hugo Khouri

Dois amigos saem para uma noitada e conhecem duas prostitutas bem refinadas. No apartamento de um deles, os quatro resolvem fazer trocas de casais para não ficarem entediados. As situações de prazer, no entanto, são sem alegria ou ternura. No final da madrugada na capital paulista, as duas mulheres voltam para casa após a noite de trabalho e os dois homens voltam aos seus negócios.

Viagem aos seios de Duília (1964) Carlos Hugo Christensen

Zé Maria, aposentado de sua repartição, decide deicar o Rio de Janeiro e retornar à sua cidade natal no interior rural de Minas Gerais, que deixara na adolescência. O reencontro do seu amor de juventude é frustrado pela passagem do tempo e pela mudanças do Brasil rural para o urbano. Baseado no conto homônimo de Aníbal Machado.

Deu e o Dibato na Terra do Sol (1964) de Glauber Rocha

Manuel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual. Porém ao presenciar a morte de uma criança Rosa mata o beato. Simultaneamente Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador de aluguel a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os seguidores do beato.

São Paulo, Sociedade Anônima (1965) de Luís Sérgio Person

Em São Paulo, entre 1957 e 1961, é mostrada a trajetória de Carlos (Walmor Chagas), que pertence à classe média. Guiando-se pelas chances imediatas que lhe são dadas pela sociedade, ele ingressa numa grande empresa. Depois aceita um cargo numa fábrica de auto-peças, da qual torna-se gerente. A certa altura se vê na pele de um chefe de família, que trabalha muito, ganha bem, mas vive insatisfeito. Sem projeto de vida ou perspectivas de se opor à condição que rejeita, só lhe resta fugir.

A Grande cidade (1966) de Carlos Diegues.

Vinda do Nordeste, Luzia chega ao Rio de Janeiro à procura de seu noivo, Jasão. Nessa busca, ela conhece Calunga, um malandro carioca que lhe mostra a cidade e a apresenta para Inácio, um outro nordestino que deseja loucamente voltar para sua terra. Finalmente, Luzia descobre que o noivo Jasão mora em uma favela e que se transformou num temido assaltante. Mas, antes que ela consiga salvá-lo do crime, ambos acabam sendo vítimas dos conflitos e da violência gerados pela grande cidade. Imperdível! Grande filme do cinema novo.

Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967) José Mojica Marins

Neste filme, as maldades de Zé do Caixão (José Mojica Marins) se tornam cada vez mais sádicas. Em busca da mulher ideal para gerar seu filho perfeito, ele rapta seis jovens e as submete a terríveis torturas. Mais tarde, após acabar com a vida de uma moça grávida, a população se revolta e decide exterminá-lo. Aqui o Visão faz homenagem ao Zé do Caixão que, intencionalmente ou não, fala da violência da ditadura a partir da linguagem dos filmes de terror.

O Caso dos Irmãos Naves (1967), de Luis Sérgio Person.

A reconstituição de um caso real, ocorrido no Estado Novo em 1937, na cidade de Araguari (MG). Tudo começa quando um homem foge levando o dinheiro de uma safra de arroz. Os irmãos Naves (Raul Cortez e Juca de Oliveira), sócios do fugitivo, denunciam o caso à polícia. De acusadores passam, no entanto, a réus, por obra, graça e desmando do tenente de polícia (Anselmo Duarte), que dirige a investigação. Presos e torturados, os Naves são obrigados a confessar o crime que não cometeram.

Terra em transe (1967) de Glauber Rocha

O senador Porfírio Diaz (Paulo Autran) detesta seu povo e pretende tornar-se imperador de Eldorado, um país localizado na América do Sul. Porém existem diversos homens que querem este poder, que resolvem enfrentá-lo. Enquanto isso, o poeta e jornalista Paulo Martins (Jardel Filho), ao perceber as reais intenções de Diaz, muda de lado, abandonando seu antigo protetor.

O bandido da luz vermelha (1968) de Rogério Sganzerla.

Baseado livremente na vida do famoso criminoso João Acácio Pereira da Costa. Jorge, um assaltante de casas de luxo em São Paulo, apelidado pela imprensa sensacionalista de “Bandido da Luz Vermelha”, desconcerta a polícia com seu comportamento fora do comum. Além de usar uma lanterna vermelha, ele possui as vítimas, conversa com elas e faz fugas ousadas para depois gastar o dinheiro roubado de maneira extravagante. O mundo de Jorge é povoado de tipos como o detetive Cabeção, a protistuta Janete Jane e o político corrupto J. B. Silva. Com sua linguagem visual inovadora, O Bandido da Luz Vermelha pode ser visto como o ponto de transição entre a estética do Cinema Novo e a ruptura do Cinema Marginal.

Ver também “Luz nas trevas- “A volta do bandido da luz vermelha”, dirigido por Ícaro Martins  e Helena Ignez é uma sequencia do filme “O Bandido da Luz Vermelha.”

Macunaíma (1969) de Joaquim Pedro de Andrade

Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de preto, virou branco. Depois de adulto deixa o sertão em companhia dos irmãos e vive aventuras na cidade. Macunaíma ama guerrilheiras e prostitutas, enfrenta vilões milionários, policiais e personagens de todos os tipos.

Dois Perdidos Numa Noite Suja (1970) de Braz Chediak

Tonho e Paco vivem em um pardieiro e trabalham no mercado. Certa vez, Tonho se desentende com outro carregador, que o humilha, do que se aproveita Paco para ridicularizar o companheiro. Ao saber que Tonho tem um revólver, Paco propõe um assalto. Ante a recusa de Tonho, Paco mente-lhe sobre um acordo de conciliação que fizera com o carregador que havia humilhado o primeiro. Diante disso, Tonho acaba concordando. Os dois assaltam um casal, e na divisão do roubo Paco tenta enganar Tonho. Cansado de humilhações, Tonho empunha sua arma contra Paco. Este não se assusta, lembrando que falta munição. Tonho tira uma bala do bolso, carrega a arma e obriga Paco a bancar uma mulher. O desenlace destas vidas marginais será trágico.

Tati, a garota (1973) de Bruno Barreto

Os problemas de Manuela, mãe solteira (Dina Sfat) que sai da Penha e vai morar em Copacabana com Tati (Daniela Vasconcelos), filha de seis anos que quer saber quem é seu pai. Neste recomeço a falta de dinheiro deixa a mãe em sérias dificuldades, o que a faz tomar medidas extremas.

Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976) de Bruno Barreto

Durante o carnaval de 1943 na Bahia, Vadinho (José Wilker), um mulherengo e jogador inveterado, morre repentinamente e sua mulher, Dona Flor (Sônia Braga), fica inconsolável, pois apesar de ele ter vários defeitos, era um excelente amante. Mas, após algum tempo ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Ela passa a ter uma vida estável e tranqüila, mas tediosa e, de tanto “chamar” pelo primeiro marido, um dia aparece wlw nu na sua cama. Então ela pede ajuda a uma amiga, dizendo que quase foi seduzida pelo finado esposo. Um pai de santo se prontifica a afastar o espírito de Vadinho, mas existe um problema: no fundo Flor quer que ele fique, pois há um forte desejo que precisa ser saciado.

Xica da Silva (1976) de Carlos Diegues

Segunda metade do século XVIII. Xica da Silva (Zezé Motta) era uma escrava que, após seduzir o milionário João Fernandes (Walmor Chagas), se tornou uma dama na sociedade de Diamantina. Ela passou a promover luxuosas festas e banquetes, algumas contando com a exibição de grupos de teatro europeus. Sua ostentação fez com que sua fama chegasse até a corte portuguesa.

Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977), de Hector Babenco

Pouco antes de morrer, um dos bandidos mais populares do Rio de Janeiro na década de 60 revela a um jornalista um esquema de corrupção envolvendo policiais que combatem o crime às margens da lei: o Esquadrão da Morte. Nessa conjuntura surgem vários episódios e personagens que marcaram uma época. O filme é baseado no livro homônimo de autoria de José Louzeiro.

Barra Pesada (1977) de Reginaldo Faria.

Baseado no livro “Nas quebradas da vida” de Plínio Marcos. Marcado pela violenta infância, jovem embrenha-se na vida do crime. Entre uma trapaça e outra, ele se torna o alvo principal de uma caçada que envolve o submundo do crime e a própria polícia.

A República dos assassinos (1979) de Miguel Faria Jr.

Baseado no Livro homônimo de Aguinaldo Silva. No Rio de Janeiro, na década de 70, um grupo de policiais atua como esquadrão da morte. Este grupo de elite foi criado pelo próprio governador do Estado com o apoio do senador Gilberto Martins. O senador é dono de um jornal que dá enorme cobertura às ações de Matheus, um dos chefes do grupo. Matheus tivera um caso com Marlene Graça, atriz e cantora de cabaré que se sente prejudicada pela má reputação do policial. Com dificuldades para conseguir um papel num filme e desiludida com Matheus, que arranjara outra garota, ela entra para uma seita evangélica. O esquadrão da morte com suas execuções sumárias acaba por levantar forte suspeita de um promotor público, que descobre o envolvimento do grupo com extorsão, narcotráfico, roubo e outros crimes. Em 1970, os crimes do Esquadrão da Morte pelo requinte de violência provocaram uma onda de reações por todo o país. As fotos das vítimas, adornadas pela caveira, símbolo do grupo, causaram uma incômoda indignação. Esta é a história de Mateus Romeiro, o mais famoso dos policiais, que integrou o grupo dos Homens de Aço, uma das facções em que se dividia o esquadrão.

Eu Matei Lúcio Flávio (1979) de Antônio Calmon

Jovem, classe média, Mariel Mariscot de Mattos, ganhou fama como policial de atuação no submundo do crime. Seu primeiro trabalho como guarda-vidas na Zona Sul do Rio de Janeiro, abriu-lhe as perspectivas para entrar na Academia de Polícia, onde integrou um grupo de policiais de elite, especializados no combate a bandidos de alta periculosidade. Com as mesmas origens de Mariel, Lúcio Flávio Vilar Lírio, é um jovem em busca de ascensão social. Opta pelo crime. Seu bando tornam-se os mais procurados pela polícia. Lutando em campos opostos, Lúcio e Mariel acabam se defrontando, numa representação individualizada de uma luta global entre polícia e marginais.

O bordel, noites proibidas (1979) de Osvaldo Oliveira

Sarja, um ex-presidiário, reinicia sua vida trabalhando num cassino clandestino. Para Sarja, o trabalho é degradante e o que ele pretende é encontrar oportunidade para aplicar um grande golpe e fazer sua independência financeira. No cassino, Sarja revê Margot, prostituta, amiga de longa data. Desse reencontro nasce a idéia de roubar André, dono do cassino e poderoso banqueiro do jogo do bicho. Conquistada a confiança de André, Sarja começa a estudar a melhor maneira de lesar o patrão, enfrentando seus homens e seu poder.


Ato de Violência (1980) de Eduardo Escorel.

Baseado em fatos reais, a vida do famoso criminoso paulista Chico Picadinho. Antônio tem bom comportamento, estudando, trabalhando e freqüentando cultos religiosos. Consegue a liberdade condicional e reencontra sua família e amigos em um almoço de boas-vindas. Porém a situação de ex-presidiário o deixa sem emprego. Deixa a mulher, envolve-se com prostitutas, além de fazer dívidas. Antônio encontra-se um dia com seu amigo Manoel e pede para morar com ele. Este aceita por dois dias, o que não acontece, Antônio fica durante algum tempo na casa do amigo até discutirem. Um dia leva uma prostituta para casa. Durante o ato sexual, Antônio comete novo assassinato, e foge.

Bye Bye Brasil (1980) de Carlos Diegues

Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e Andorinha são três artistas ambulantes que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira e que ainda não tem acesso à televisão. A eles se juntam o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa, Dasdô (Zaira Zambelli), e a Caravana cruza a Amazônia até chegar a Brasília.

Bonitinha mas ordinária (1981) de Braz Chediak

Edgar (José Wilker) é um jovem bastante humilde, o que volta e meia o deixa constrangido. Um dia ele é procurado por Peixoto (Milton Moraes), genro do milionário Werneck (Carlos Kroeber), que lhe propõe que se case com a filha dele, Maria Cecília (Lucélia Santos), em troca de um polpudo cheque. O dinheiro atrai Edgar, só que ele é apaixonado por Ritinha (Vera Fischer), sua vizinha.

Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco.

O ator Fernando Ramos da Silva, que seria ele mesmo morto pela polícia em 1987, depois de um breve período de estrelato, dá vida ao drama do menino de rua. Pixote foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Ele já esteve internado em reformatórios e isto só ajudou na sua “educação”, pois conviveu com todo o tipo de criminoso e jovens delinqüentes que seguem o mesmo caminho. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos.

Gabriela (1983) de Bruno Barreto

Bahia, 1925. Uma das maiores secas da história do Nordeste leva para Ilhéus Gabriela (Sônia Braga), uma bela retirante que com sua beleza e sensualidade conquista a todos, principalmente Nacib (Marcello Mastroianni), dono do bar mais popular da cidade, que emprega Gabriela para trabalhar em sua casa e com quem tem um caso. O relacionamento dos dois fica tão intenso que eles se casam, mas tudo parece desmoronar quando Gabriela lhe é infiel com o maior conquistador da cidade. Paralelamente, um “coronel” vai ser julgado por ter matado sua mulher com o amante. Os outros “coronéis” acham que ele tem de ser inocentado, pois houve um forte motivo para o crime, mas os tempos mudaram e determinados conceitos do passado estão sendo revistos.

A Freira E A Tortura (1983) de Ozualdo Candeias

Baseado na peça O milagre da cela, de Jorge Andrade. Enquanto persegue um marginal, o delegado, homem de princípios e bem casado, conhece uma professora acusada de crimes políticos. Acaba por prendê-la. Descobre que a professora é também freira e passa a torturá-la para conseguir as informações que deseja. Os dois se apaixonam violentamente. O delegado acaba sendo assassinado por bandidos numa emboscada. A freira comparece ao enterro para dar o último adeus ao seu amado.

Fitzcarraldo (1984) de Werner Herzog

Início do século XX. Brian Sweeney Fitzgerald, mais conhecido como Fitzcarraldo (Klaus Kinski), é um homem extremamente determinado que possui a louca ideia de construir uma casa de ópera no meio da floresta amazônica. Para conseguir o dinheiro necessário, ele decide explorar borracha. O problema é que, para transportar o produto, ele terá que atravessar morros e matas com um barco.

Memórias do Cárcere (1984) de Nelson Pereira dos Santos.

O roteiro é uma adaptação do livro homônimo de Graciliano Ramos. O filme conta a fase em que Graciliano Ramos, o autor de Vidas Secas, esteve preso durante o Estado Novo no Brasil. A história retrata a violenta repressão política na Era Vargas pela ótica de Graciliano Ramos, protagonizado por Carlos Vereza, que é encarcerado na ilha Grande, como preso político. Incerto em relação ao futuro, relata seus dias em clausura e a precariedade da condição de encarcerado. Participaram ainda do elenco: Glória Pires, José Dumont, Nildo Parente, Wilson Grey, Tonico Pereira, Jorge Cherques, Jofre Soares, Fabio Barreto e Marcos Vinícius.

A Marvada Carne (1985) de André Klotzel

Nhô Quim (Adilson Barros) perambula com seu cachorro pelo interior paulista sonhando com duas coisas: encontrar uma noiva e comer carne de vaca. Ele conhece a jovem Carula (Fernanda Torres), que mora numa aldeia e reza todos os dias para Santo Antônio pedindo um marido. Para fisgar Quim ela o engana dizendo que seu pai, Nhô Totó (Dionísio Azevedo), possui um boi que será carneado no dia do casamento. Entretanto, antes de casar, Quim deve cumprir uma série de provas

Anjos do Arrabalde (1986) de Carlos Reichenbach.

O filme conta a história e o cotidiano de três professoras na periferia de São Paulo. Carmo abandona o magistério por pressão do marido machista; Dália sustenta irmão viciado e é vítima de preconceito por causa de sua vida sexual e pelo romance com um homem casado; Rosa está desiludida da profissão. Há ainda a história da amiga Aninha, a manicure, e suas tragédias. Todas convivem com a pobreza local, a violência e o ethos policial de periferia.

Anjos da Noite (1987) de Wilson Barros

Ted (Guilherme Leme) trabalha como go-go boy. Marta (Marília Pêra) é uma diva que sonha em se tornar socialite. Jorge Tadeu (Antônio Fagundes) é um diretor de teatro. Fofo (Cláudio Mamberti) é um gângster. Eles perambulam pelas ruas de São Paulo durante a noite, em busca de um norte para suas vidas. A produção permeia entre o surrealismo e noções de simulacro.

Faca de dois gumes (1989) de Murilo Salles

Baseado em novela de Fernando Sabino. Advogado de família ilustre, marido apaixonado, é traído por sua bela mulher, amante de seu sócio e melhor amigo. Planeja, então, um crime perfeito, articulando meticulosamente todas as peças de sua ação, mas sua atitude passional e fatores imprevisíveis, envolvendo corrupção e o sequestro de seu filho, acabam por levá-lo a se envolver numa série de acontecimentos, que transformam sua vida numa faca de dois gumes, tudo se encaminhando para um final dramático.

O Homem da Capa Preta (1986) de Sérgio Rezende.

Cinebiografia do polêmico e reacionário político da Baixada Fluminense dos anos 50 e 60, Tenório Cavalcanti, ex-deputado federal que com sua metralhadora, apelidada de Lourdinha, desafiava a corrupção e os poderosos que dominavam o município fluminense de Duque de Caxias. O filme traça o panorama político do Rio de Janeiro dos anos 40 a 60.

Filme demência (1987) de Carlos Reichenbach

Um pequeno industrial de cigarros, falido economicamente e em crise doméstica, é praticamente exilado da casa pela mulher e passa a refugiar-se em visões e alucinações. Como na lenda de Fausto, terá de encontrar seu correspondente Mefisto, que durante a história lhe aparecerá de várias formas e personalidades, ora como traficante noturno, ora como uma cândida velhinha.

Lamarca (1994) de Sérgio Rezende

O lendário capitão Carlos Lamarca (Paulo Betti) abandona sua família e a carreira militar para tornar-se um guerrilheiro na luta contra a ditadura, comandando grandes ações terroristas e liderando conflitos contra as forças militares.

Como nascem os anjos (1996) de Murilo Salles

O bronco e submisso Maguila mata, sem querer, o chefe do tráfico do morro Dona Marta, no Rio de Janeiro. Perseguido pelos soldados do tráfico, é obrigado a fugir da favela com Branquinha, menina de 13 anos que, apesar da diferença de idade, diz ser mulher de Maguila. Na confusão, acabam levando Japa, outra criança, fiel amigo de Branquinha. No meio da fuga, o trio pára na porta da garagem de uma mansão no bairro da Joatinga, onde encontram William, um cidadão americano, saindo para o trabalho. Maguila pede para usar o banheiro, pois, segundo Branquinha, “ele foi tão bem educado pela mãe que não consegue urinar na rua”.

Navalha na carne (1997) de Neville d’Almeida

Baseada na obra homônima de Plínio Marcos. A primeira versão cinematográfica da peça de Plínio Marcos foi realizada em 1970, com direção de Braz Chediak. O cafetão Vado entra de madrugada no quarto da prostituta Neusa Suely em busca de dinheiro, que descobre ter desaparecido. Para livrar-se das acusações de Vado, Neusa Suely alega que o homossexual Veludo, seu vizinho, furtou o dinheiro. Os três personagens começam então a viver uma pequena tragédia ambientada no submundo carioca.

Os matadores (1997) de Beto Brant.

Em um bar na divisa Brasil-Paraguai, um homem está para ser eliminado. Enquanto esperam o defunto encomendado, dois matadores, Toninho e Alfredão revelam uma história em que é difícil encontrar culpados e inocentes. Presente e passado se misturam em torno da morte de Múcio, o pistoleiro mais competente da região, mostrando que matar ou morrer é uma fronteira fácil de se atravessar. Um chefe, uma bela mulher, um serviço a ser feito. O filme testa os limites da amizade, do medo e da traição. Quem traiu?

Central do Brasil (1998) de Walter Salles

Dora (Fernanda Montenegro) trabalha escrevendo cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Ainda que a escrivã não envie todas as cartas que escreve – as cartas que considera inúteis ou fantasiosas demais -, ela decide ajudar um menino (Vinícius de Oliveira), após sua mãe ser atropelada, a tentar encontrar o pai que nunca conheceu, no interior do Nordeste.

Notícias de uma Guerra Particular (1999) de João Moreira Salles e Kátia Lund.

Notícias de um estado permanente de exceção no Rio e no Brasil, em que a violência do crime e da polícia é moeda corrente. Documentário que retrata a vida da comunidade do Morro Dona Marta, Botafogo, RJ. Mostra o resultado da repressão ao tráfico de drogas no morro, apontando o campo de batalha e os principais personagens nessa trama terrível e desigual: os jovens traficantes (tendo como principal personagem o traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, morto em 2003, no complexo penitenciário de Bangu a mando de Fernandinho Beiramar); a comunidade e os policiais. Resultado dessa trama é a alta mortalidade de jovens nos dois lados da batalha e a vida dos moradores sempre no fio da navalha de tiroteios e das ambiguidades de papéis e de valores.

O documentário foi eleito um dos melhores filmes pela Revista de Cinema e venceu a competição de documentário do festival, É Tudo Verdade. Trata-se de um incisivo retrato da violência no Rio de Janeiro. Flagrantes do cotidiano das favelas dominadas pelo tráfico de drogas alternam-se e entrevistas com todos os envolvidos no conflito. A violência disseminada na sociedade e a repessão das instituições da segurança pública são apresentadas sem retoques, fazendo com que essa guerra particular não apresente vencedores, apenas baixas cotidianas e aviltantes.

Estorvo (2000) de Ruy Guerra

Depois de uma noite mal-dormida, o protagonista acorda com a campainha da porta tocando insistentemente. Pelo olho mágico, vê um desconhecido de terno e gravata, barba e cabelos longos, que lhe lembra alguém que não consegue identificar. Não sabe o porquê daquele homem estar ali nem quem ele é, mas tem uma certeza imediata: ele representa uma ameaça à sua vida. Veste-se às pressas, aproveita uma distração do visitante e escapa de sua própria casa. Com a certeza de que o desconhecido está em seu percalço através da cidade, ele passa a desconfiar de tudo e de todos numa fuga sem destino, que penetra cada vez mais fundo no seu próprio mundo.

Cronicamente Inviável (2000) de Sergio Bianchi

As relações entre frequentadores, proprietários e empregados de um prestigiado restaurante de São Paulo são as pedras de toque para descortinar uma ácida visão da crise brasileira. Entram em foco as mais surpreendentes situações de aproximação e conflito entre diferentes raças e classes sociais, de várias regiões do país, revelando, sem qualquer concessão, a impossibilidade de uma cultura nacional homogênea. Desfilam no filme um escritor que realiza um passeio pelo país, buscando compreender os problemas de dominação e opressão social; um garçom que se destaca por sua descendência européia, aspecto físico, boa instrução e insubordinação; uma rica carioca preocupada em manter o mínimo de humanidade na relação com as pessoas de classe mais baixa. A gerente do restaurante, uma pessoa cativante, com um passado encoberto pelas várias histórias que costuma contar para os amigos e os refinados clientes do restaurante.

O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas (2000) de Paulo Caldas e Marcelo Luna.

O documentário retrata as trajetórias dissonantes de dois jovens criados em Camaragibe, na periferia de Recife: um justiceiro por conta própria preso por cerca de 70 assassinatos e o baterista da banda de rap Faces do Subúrbio. O título em si já é curioso, mas, como se verá, o filme não se esgota na mera curiosidade nem faz apologia do pitoresco. “Pequeno Príncipe” não se refere ao livro de Antoine de Sain-Exupéry, aquele que era sempre muito citado nos concursos de misses do Brasil. É o apelido, codinome, ou nome de guerra de Helinho, Hélio José Muniz, “justiceiro” de Camaragibe, no Grande Recife, uma das periferias mais pobres do País. “Alma sebosa” é aquele indivíduo que não presta, que faz mal à comunidade e portanto merece ser despachado desta para a melhor. Tudo isso acontece nesses lugares onde a polícia não entra, o Estado não atua e a sociedade procura (em vão) esquecer. Nessas paragens, “pequenos príncipes” e “almas sebosas” foram feitos uns para os outros.

O Invasor (2001) de Beto Brant. Roteiro: Marçal Aquino, Beto Brant e Renato Ciasca. Baseado em livro de Marçal Aquino. Produção: Renato Ciasca e Bianca Villar.

Estevão, Ivan e Gilberto são companheiros desde os tempos de faculdade e sócios de uma construtora de sucesso há mais de 15 anos. O relacionamento entre eles sempre foi muito bom, até que um desentendimento na condução dos negócios faz com que eles entrem em choque, com Estevão, sócio majoritário, ameaçando abandonar a empresa. Acuados, Ivan e Gilberto decidem então contratar Anísio, um matador de aluguel, para assassinar Estevão e, assim, poderem conduzir a construtora do modo como bem entendem. Entretanto, Anísio tem seus próprios planos de ascensão social e aos poucos invade cada vez mais as vidas de Ivan e Gilberto

Bicho de sete cabeças (2001) de Laís Bodanzky. Roteiro: Luís Bolognesi. Produção: Maria Ionescu e Fabiano Gullane.

É baseado no livro auto-biográfico Cantos dos Malditos de Austregésilo Carrano Bueno. Os pais de um jovem descobrem um cigarro de maconha em seu casaco e são aconselhados a internar o filho numa instituição psiquiátrica, onde terá que suportar as agruras de um sistema que lentamente devora suas presas.

Domésticas (2001) de Nando Olival e Fernando Meirelles

No meio da nossa sociedade existe um Brasil notado por poucos. Um Brasil formado por pessoas que, apesar de morar dentro de sua casa e fazer parte de seu dia-a-dia, é como se não estivesse lá. Cinco das integrantes deste Brasil são mostradas em “Domésticas – O Filme”: Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo. Uma quer se casar, a outra é casada mas sonha com um marido melhor. Uma sonha em ser artista de novela e outra acredita que tem por missão na Terra servir a Deus e à sua patroa. Todas têm sonhos distintos mas vivem a mesma realidade: trabalhar com empregada doméstica.

Janela da Alma (2001) de João Jardim e Walter Carvallho

Dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo. O escritor e prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, o fotógrafo cego franco-esloveno Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a atriz Marieta Severo, o vereador cego Arnaldo Godoy, entre outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão: o funcionamento fisiológico do olho, o uso de óculos e suas implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver em um mundo saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade ­ se é que ela é a mesma para todos.

Onde a Terra Acaba (2001) de Sergio Machado

Uma análise sobre a carreira e a obra do referencial e pioneiro cineasta Mário Peixoto (1908-1992), tendo por base trechos de diários, entrevistas e cartas do próprio Mário Peixoto, fotos de seus filmes e ainda cenas inéditas de um filme inacabado seu, reconstruindo a personalidade misteriosa de uma das figuras mais importantes para o cinema nacional.

Madame Satã (2002) de Karim Ainouz

Rio de Janeiro, 1932. No bairro da Lapa vive encarcerado na prisão João Francisco (Lázaro Ramos), artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos. Após deixar o cárcere, João passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua “esposa”; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), sem amante e também traidor; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste ambiente que João Francisco irá se transformar no mito Madame Satã, nome retirado do filme Madame Satã (1932), dirigido por Cecil B. deMille, que João Francisco viu e adorou.

Fuga sem destino (2002) de Afonso Brazza

Conta a história de Trovão, presidiário condenado a 60 anos de prisão, que arma uma fuga espetacular, aceita o serviço de um gângster como seu “último trabalho sujo”, mas em seguida tem de se livrar dos bandidos numa verdadeira fuga sem destino. No elenco, o trio de base Brazza-Claudette-Liliane e mais, três fiéis colaboradores na arte da comédia dos erros.

Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles Roteiro: Bráulio Mantovani, baseado em romance de Paulo Lins Produção: Walter Salles.

Embalada por uma montagem vertiginosa, a história da evolução do tráfico em Cidade de Deus e das estreitas ligações entre traficantes, moradores e policiais corruptos tornou-se um dos maiores sucessos do cinema nacional. Buscapé é um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência aparenta ser infinita.

Ônibus 174 (2002) de José Padilha. Produção: José Padilha e Marcos Prado.

Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o sequestro de um ônibus em plena zona sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas, paralisando o país. No filme a história do sequestro é contada paralelamente à história de vida do sequestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca transforma-se em bandido e as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas e mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento.

Carandiru (2002) de Hector Babenco. Roteiro: Hector Babenco, Fernando Bonassi e Victor Navas.

Baseado em livro de Dráuzio Varela. Produção: Hector Babenco e Flávio R. Tambellini. Baseado no livro “Estação Carandiru”, de Drauzio Varella, o filme descreve a trajetória de detentos do então maior presídio da América Latina, hoje implodido. O ápice é o massacre de 1992, quando a Polícia Militar, para conter uma rebelião, matou 111 detentos. A história começa quando o médico resolve fazer um trabalho de prevenção à AIDS na Casa de Detenção de São Paulo. Ali, o médico toma contato com o que, aqui fora, temos até medo de imaginar: violência, superlotação, instalações precárias, falta de assistência médica e jurídica, falta de tudo. O Carandiru, com seus mais de sete mil detentos, merece sua fama de “inferno na terra”. Porém, nosso personagem logo percebe que, mesmo vivendo numa situação limite, os internos não representam figuras demoníacas. Ao contrário, ele testemunha solidariedade, organização e, acima de tudo, uma grande disposição de viver. Não é pouco e é o suficiente para que ele, fascinado, resolva iniciar um trabalho voluntário.

Edifício Master (2002) de Eduardo Coutinho

Durante sete dias, uma equipe de cinema filmou o cotidiano dos moradores do Edifício Master, situado em Copacabana, a um quarteirão da praia. O prédio tem 12 andares e 23 apartamentos por andar. Ao todo são 276 apartamentos conjugados, onde moram cerca de 500 pessoas. Eduardo Coutinho e sua equipe entrevistaram 37 moradores e conseguiram extrair histórias íntimas e reveladoras de suas vidas.

Garotas do ABC (2003) de Carlos Reichenbach

A primeira versão do argumento foi mostrada em Roterdã, Holanda, em 1987. No ABC de São Paulo, região de fábricas têxteis e metalúrgicas, um grupo de operárias vive seu cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões. Entre elas, destaca-se Aurélia, operária negra, bela e atrevida, que adora homens fortes e musculosos. Ela namora Fábio, jovem enturmado em um grupo neonazista, liderado pelo jovem advogado Salesiano de Carvalho.

O Prisioneiro da Grade de Ferro (2003) de Paulo Sacramento. Roteiro: Paulo Sacramento. Produção: Gustavo Steinberg.

Um ano antes da desativação da Casa de Detenção do Carandiru, um projeto faz com que os detentos aprendam a utilizar câmeras de vídeo e documentem o cotidiano do maior presídio da América Latina. O resultado é magistral porque coloca os presos como narradores de sua própria história, cheia de dor, sofrimento, amargura, inustiças mas também de esperanças. O documentário também registra as condições absurdas que presidiam o cumprimento da pena no complexo penal do mais poderoso estado do Brasil.

O homem do ano (2003) de José Henrique Fonseca. Roteiro: Rubem Fonseca, Patrícia Melo e José Henrique Fonseca.

Uma ingênua aposta entre amigos transforma Máiquel, um homem comum, em um assassino e herói de toda uma cidade. Deixando-se levar pelos acontecimentos, Máiquel torna-se respeitado por bandidos e pela polícia, sendo também amado por duas mulheres. Até que comete seu primeiro erro e é obrigado a tomar de volta o controle do seu destino.

Amarelo Manga (2003) de Cláudio Assis. Roteiro: Hilton Lacerda.Produção: Marcello Maia e Paulo Sacramento.

Guiados pela paixão, os personagens de Amarelo manga vão penetrando num universo feito de armadilhas e vinganças, de desejos irrealizáveis, da busca incessante da felicidade. O universo aqui é o da vida-satélite e dos tipos que giram em torno de órbitas próprias, colorindo a vida de um amarelo hepático e pulsante. Não o amarelo do ouro, do brilho e das riquezas, mas o amarelo do embaçamento do dia-a-dia e do envelhecimento das coisas postas. Um amarelo-manga, farto.

Justiça – O Filme. (2004) de Maria Augusta Ramos. Roteiro: Maria Augusta Ramos. Produção: Luís Vidal, Niek Koppen, Jan de Ruiter e Renée Van der Grinten.

Documentário mostra um Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. Há os que trabalham ali diariamente (defensores públicos, juízes, promotores) e os que estão de passagem (réus). câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, as estruturas de poder — ou seja, aquilo que, em geral, os é invisível. O desenho da sala, os corredores do fórum, a disposição das pessoas, o discurso, os códigos, as posturas todos os detalhes visuais e sonoros ganham relevância. O espaço, as pessoas e sua organização são registrados de maneira sóbria. A câmera está sempre posicionada em relação cena mas não se move dramaticamente, não busca a falsa comoção. Sinal de respeito, de não-exploração. No filme, não há entrevistas ou depoimentos, a câmera registra o que se passa diante dela.

O Cárcere e a Rua (2004) de Liliana Sulzbach.

Cláudia, presidiária mais antiga e respeitada da Penitenciária Madre Pelletier, deve deixar o cárcere em breve. Assim como Betânia, que vai para o regime semiaberto, e ao contrário de Daniela, que recém chegou na prisão e aguarda julgamento. Enquanto Daniela busca proteção na cadeia, Cláudia e Betânia vão enfrentar as incertezas de quem volta pra rua. Para O Cárcere e a Rua, a diretora visitou durante três anos a Penitenciária Madre Pelletier, a maior instituição prisional exclusivamente feminina de Porto Alegre, e chegou a entrevistar cerca de 100 detentas, até chegar às três protagonistas.

Quase dois irmãos (2004) de Lucia Murat

Muitos presos políticos foram transferidos para a Penitenciária da Ilha Grande, na costa do Rio de Janeiro. Assim como os políticos, assaltantes de bancos estavam submetidos à Lei de Segurança Nacional. Os dois grupos cumpriam pena na mesma galeria. Quase Dois Irmãos aborda o desenvolvimento dessa relação e também o conflito estabelecido por ela. Não por acaso foi ali e naquela época que nasceu o Comando Vermelho que, mais tarde, passaria a dominar o tráfico de drogas. Amigos na infância e ainda filhos de amigos, Miguel (Caco Ciocler) e Jorge (Flavio Bauraqui) se reencontram na prisão, onde cada um representa o grupo ao qual pertence.

Cidade Baixa (2005) de Sérgio Machado.

É um triângulo amoroso entre uma prostituta e dois homens que fazem transporte marítimo. Eles seguem para a Cidade Baixa de Salvador. Entre as dificuldades de relacionamento, o filme mostra o cotidiano das pessoas dessa região. Fala de pobreza, drogas, prostituição e violência. Deco e Naldinho ganham a vida fazendo fretes e aplicando golpes a bordo de um barco. Quando conhecem a stripper Karinna, os dois se apaixonam por ela e iniciam uma vida a três. Ciúmes desgastam a relação, e os três se separam, mas não conseguem ficar sozinhos. Eles se reaproximam e se deparam com um caminho sem volta.

Quanto vale ou é por quilo? (2005) de Sérgio Bianchi

Baseado no conto “Pai Contra Mãe”, de Machado de Assis. Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.

Violência S/A (2005) de  Eduardo Benaim, Jorge Saad e Newton Cannito

É um documentário humorístico sobre o mercado de segurança e uma ácida paródia da cultura do medo como propulsora da apartação social. Entre e se deslumbre com o maravilhoso shopping-center da segurança, segregação e medo, que tomou de assalto o dia-a-dia do brasileiro de “classe-média”

Atos dos homens (2006) de Kiko Goifman

Um massacre ocorrido na Baixada Fluminense transformou um documentário sobre sobreviventes de chacinas em um filme sobre a violência no Rio de Janeiro. Em 31 de março de 2005, um mês antes do início das filmagens, uma matança nas cidades de Nova Iguaçu e Queimados mudaria profundamente o argumento do projeto. A realidade tão próxima fez com que o foco fosse direcionado ao cotidiano dos moradores daquela região, mostrando a profunda desigualdade social e a banalização da morte, que se transforma num modo corriqueiro de resolução de conflitos. A premissa detém-se no extermínio, nos matadores e no desejo de viver dos moradores da região.


Anjos do Sol (2006) de Rudi Lagemann.

Maria (Fernanda Carvalho) é uma jovem de 12 anos, que mora no interior do nordeste brasileiro. No verão de 2002 ela é vendida por sua família a um recrutador de prostitutas. Após ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada a um prostíbulo localizado perto de um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos, ela consegue fugir e passa a cruzar o Brasil através de viagens de caminhão. Mas ao chegar no Rio de Janeiro a prostituição volta a cruzar seu caminho.

Zuzu Angel (2006) de Sérgio Rezende.

Zuzu Angel é uma estilista de sucesso que divulgou a moda brasileira por todo o mundo. Nos anos 70 Zuzu também travou uma batalha contra a ditadura militar, devido ao desaparecimento de seu filho, Stuart. Stuart fazia parte do movimento estudantil da época, sendo contra a ditadura vigente. Após ser preso, ele é torturado e assassinado por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica, sendo dado como desaparecido político. É quando Zuzu decide denunciar os abusos cometidos pela ditadura, chamando a atenção no Brasil e no exterior.

Estamira (2006) de Marcos Prado

Documentário. Estamira é uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais. Ela vive e trabalha há 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo da cidade do Rio de Janeiro. Com um discurso filosófico e poético, Estamira analisa questões de interesse global.

Tropa de Elite (2007) de José Padilha

Tem como tema o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Um capitão do BOPE quer deixar o posto e busca um substituto, ao mesmo tempo em que 2 amigos se destacam por sua honestidade como policiais. Dirigido por José Padilha (Ônibus 174) e com Wagner Moura e Caio Junqueira no elenco. Foi objeto de grande repercussão antes mesmo de seu lançamento, por ter sido o primeiro filme brasileiro a, meses antes de chegar aos cinemas, vazar para o mercado pirata e a internet. Ao criticar duramente os usuários de substâncias ilícitas, atribuindo-lhes culpa pela expansão do tráfico de drogas e da violência, o filme gerou grande debate na mídia brasileira. As práticas de tortura por parte dos policiais também foram abordadas, gerando questionamentos acerca do fato dos personagens estarem sendo considerados heróis por suas atitudes frente aos bandidos.

Querô” (2007) de Carlos Cortez.

Querô (Maxwell Nascimento) não sabe quem é seu pai e Piedade (Maria Luísa Mendonça), sua mãe prostituta, morreu quando o menino ainda era um bebê. Criado no prostíbulo onde sua mãe morava, em Santos, o menino cresce com a violenta realidade das ruas da cidade paulista. Preso por cometer delitos, tem sua vida marcada pelos maus-tratos na Febem, que marcam a vida na instituição, de onde foge, disposto a recomeçar a vida.

Os 12 trabalhos (2007) de Ricardo Elias

Heracles é um jovem negro, que vive na periferia de São Paulo e que gosta de desenhar. Há 2 meses ele deixou a Febem e agora procura uma ocupação. Por indicação de seu primo Jonas, Heracles passa a trabalhar como motoboy. Em seu período de experiência ele precisa realizar 12 tarefas pela cidade de São Paulo. Para realizá-las Heracles precisa lidar com o preconceito, a burocracia e sua própria falta de malícia no novo serviço.

Batismo de sangue (2007) de Helvécio Ratton

São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Ângelo Antônio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas). Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.

Baixio das Bestas (2007) de Cláudio Assis

Auxiliadora (Mariah Teixeira) é uma jovem de 16 anos explorada por seu avô, seu Heitor (Fernando Teixeira). Ele vê falta de autoridade em tudo à sua volta, mas não pensa duas vezes antes de explorar a neta. Cícero (Caio Blat) pertence a uma conhecida família local e está apaixonado por Auxiliadora. Mas para tê-la ele precisará enfrentar o avô dela. 

Jesus no Mundo Maravilha (2007) de  Newton Cannito

Documentário brasileiro que mostra a vida de três militares que, após serem exonerados da polícia, trabalham num parque de diversões. Num clima onírico – enquanto surram o palhaço, brincam com crianças e rodam em brinquedos – eles revelam seus valores, seus sonhos e seus crimes. Enquanto isso, uma família vítima de policiais chora a morte de seu filho e clama por justiça.

Pro dia Nascer Feliz (2007) de João Jardim

As situações que o adolescente brasileiro enfrenta no precário sistema de educação público do país, envolvendo preconceito, precariedade, violência e esperança. Adolescentes de locais dos mais variados tipos de três estados diferentes, de classes sociais distintas, falam de suas vidas na escola, seus projetos e inquietações.

Ensaio sobre a Cegueira (2008) de Fernando Meirelles

Uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira atinge uma cidade. Chamada de “cegueira branca”, já que as pessoas atingidas apenas passam a ver uma superfície leitosa, a doença surge inicialmente em um homem no trânsito e, pouco a pouco, se espalha pelo país. À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar as pessoas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Nesta situação a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico (Julianne Moore), que juntamente com um grupo de internos tenta encontrar a humanidade perdida.

Meu Nome Não É Johnny (2008) de Mauro Lima.

O filme conta a história de um jovem da zona sul carioca que se torna o rei do tráfico de drogas nos anos 90. João Guilherme Estrella é um típico jovem de classe média da Zona Sul carioca. Adorado por seus pais e amigos, viveu a vida intensamente, passou por todas as loucuras permitidas e não permitidas, e nos anos 80 se aventurou no mundo do tráfico e tornou-se um rei. Investigado pela polícia e preso, tem seu nome e seu rosto exposto em jornais e revistas. Ao invés de festas, ele passa freqüentar o banco dos réus, onde conta a sua história e tramas da juventude. 


Última Parada 174 (2008) de Bruno Barreto. Roteiro: Bráulio Mantovani.

Rio de Janeiro, 1983. Marisa (Cris Vianna) amamenta o pequeno Alessandro (Marcello Melo Jr.), em sua casa na favela. Viciada em drogas, assiste, impotente, seu filho ser retirado de suas mãos pelo chefe do tráfico local, devido a uma dívida não paga. Dez anos depois Sandro (Michel Gomes), filho único, vê sua mãe ser morta por dois ladrões. Apesar de ficar sob os cuidados da tia, ele decide fugir e passa a conviver com um grupo de garotos que dorme na igreja da Candelária, onde tem acesso ao mundo das drogas. Apesar de não saber ler ou escrever, Sandro sonha em ser um famoso compositor de rap. Para tanto ele espera a ajuda de Walquíria (Anna Cotrim), que realiza um trabalho voluntário junto a meninos de rua. Só que Sandro testemunha mais uma tragédia, a chacina da Candelária, onde 8 meninos de rua foram mortos pela polícia. Este evento aproxima Sandro e Alessandro, que passam a ter um forte convívio.

Juízo (2008)de Maria Augusta Ramos. Roteiro: Maria Augusta Ramos.

Juízo acompanha a trajetória de jovens com menos de 18 anos de idade diante da lei. Meninas e meninos pobres entre o instante da prisão e o do julgamento por roubo, tráfico, homicídio. Como a identificação de jovens infratores é vedada por lei, eles são representados no filme por jovens não-infratores que vivem em condições sociais similares. Todos os demais personagens de Juízo – juízes, promotores, defensores, agentes do DEGASE, familiares – são pessoas reais filmadas durante as audiências na II Vara da Justiça do Rio de Janeiro e durante visitas ao Instituto Padre Severino, local de reclusão dos menores infratores.

Território e violência (2008) de Rute Imanashi Rodrigues e Patrícia S. Riviero.

Documentário que complementa a pesquisa “Indicadores de Proteção e Risco para a instrumentação de Políticas Públicas em Favelas no Rio de Janeiro”, realizada no IPEA com apóio da FAPERJ no ano 2008. Neste mostram-se os principais locais onde estão concentradas as moradias das vítimas de homicídio na cidade assim como as características desses locais do ponto de vista da estrutura urbana, social, econômica e ambiental. Através de depoimentos com especialistas em urbanismo, em segurança pública e com moradores são analisadas as possíveis causas que fazem com que as favelas concentrem a maior parte das vítimas de homicídio assim como também as ações mais letais e violentas da polícia. As entrevistas vão indicando também quais têm sido as políticas que contribuíram para chegar a esta situação e quais políticas poderiam mudar o quadro de segregação social urbana através da violência. 

Vozes (2009) de Anna Costa e Silva, Fábio Canetti e Luiza Santoloni

Uma reflexão poética sobre a mente humana e sua loucura , tendo como base depoimentos de pessoas com transtornos psíquicos.

O contador de histórias (2009) de Luiz Villaça. 

Baseado em fatos reais. Belo Horizonte, fim da década de 70. Aos 6 anos, Roberto Carlos Ramos já demonstra enorme talento para contar histórias. Caçula de dez irmãos e morador de favela, é o escolhido por sua mãe para ir viver numa nova instituição anunciada pelo governo como uma oportunidade para aqueles que viviam na pobreza.

Cidadão Boilesen (2009) de Chaim Litewski

Um capítulo sempre subterrâneo dos anos de chumbo no Brasil, o financiamento da repressão violenta à luta armada por grandes empresários, ganha contornos mais precisos neste perfil daquele que foi considerado o mais notório deles. As ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do grupo Ultra, com a ditadura militar, sua participação na criação da temível Oban – Operação Bandeirantes – e acusações de que assistiria voluntariamente a sessões de tortura emergem de diversos depoimentos de personagens daquela época.

Entre e luz e a sombra (2009) de Luciana Burlamaqui

O documentário investiga a violência e a natureza humana a partir da história de uma atriz que dedica sua vida para humanizar o sistema carcerário, da dupla de rap 509-E formada por Dexter e Afro-X dentro do Carandiru e de um juiz que acredita em um meio de ressocialização mais digno para os encarcerados. Durante sete anos, a partir do ano 2000, o documentário acompanha a vida destes personagens.

A casa dos mortos (2009) de Débora Diniz.

Um olhar sobre a realidade dos manicômios judiciários. O documentário tem como Bubu como personagem guia que mostra como estas instituições condenam à prisão perpétua a loucura. O filme relata a história de Jaime, Antônio e Almeirindo, considerados perigosos ao convívio social, seu castigo supremo será o suicídio, o ciclo de internações consecutivas ou a sobrevivência em condições inaceitáveis na casa do mortos (ou o cemitério dos vivos, na lírica de Lima Barrreto).

Salve Geral (2009) de Sérgio Rezende. Produção: Joaquim Vaz de Carvalho. Roteiro: Sergio Rezende e Patrícia Andrade.

“Dá um salve geral!”. Esse foi o código utilizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para dar início à uma violenta onda de ataques que assolou o estado de São Paulo no mês de maio de 2006. Os ataques tinham como alvo delegacias de polícia, viaturas e bases da polícia militar e da guarda civil metropolitana. Foi uma reação contra a transferência de mais de 700 presos ligados ao PCC, entre eles alguns líderes, para presídios de segurança máxima. Esse é o pano de fundo onde se desenvolvem as histórias nesse filme do diretor Sérgio Rezende.

De uma realidade quase documentária, ao retratar a onda de ataques, o filme aborda a capacidade de organização e o poder de fogo do PCC. No filme, Andréa Beltrão interpreta Lúcia, uma professora de piano viúva cujo filho, Rafael, foi preso por assassinato. Na cadeia, Rafael se vê cooptado a trabalhar em prol do “partido”, respeitando a hierarquia e as regras impostas pelos líderes do PCC, ao mesmo tempo em que Lúcia busca uma solução pra libertar o filho preso.

Os inquilinos (2009) de Sergio Bianchi 

Valter (Marat Descartes) e Iara (Ana Carbatti) moram com os dois filhos, na periferia da cidade de São Paulo. Eles levam a vida normalmente, ate a chegada de três rapazes que se tornam seus novos vizinhos. Iara passa a achar que, como eles nao trabalham, devem ser bandidos. Pouco se sabe sobre a história do trio, apenas que eles costumam levar mulheres para casa e falam palavrões constantemente. Valter, que trabalha de dia e estuda à noite, pouco se importa com o que eles fazem e quer apenas dormir. Só que a tensão do dia a dia e o barulho que os vizinhos fazem de madrugada atrapalham seu sono.

Leite e ferro (2010) de Claudia Priscilla

Maternidade no inferno. O documentário “Leite e Ferro” revela a vida numa cadeia de São Paulo destinada às mulheres que estão amamentando; depois de quatro meses de convívio, as presas são separadas dos filhos.

Tropa de Elite 2. Agora o inimigo é outro (2010) de José Padilha

Três anos após o sucesso do primeiro, Tropa de Elite 2 aparece como um projeto cinematográfico de grande repercussão, executado pelo cineasta José Padilha, também envolvido com a direção e produção de documentários e longas-metragens, tais como Ônibus 174 (2002), Estamira (2005), entre outros.

Padilha retorna em 2010 apontando para locais diferentes. Como diz o título, o inimigo agora é outro. Na trama, Wagner Moura, novamente como Nascimento, mas não mais como capitão e, sim, coronel, troca a farda pelo terno e começa a lidar com a criminalidade carioca do ponto-de-vista do administrador. O truculento capitão Nascimento do primeiro filme agora se vê em situações em que ética e valores pessoais são o principal ponto de tensão. Ainda assim, não deixamos de ver uma ou outra seqüência em que é possível recordar as cenas de violência explícita protagonizadas por Moura, que, para o bem ou para o mal, constituem um dos motivos responsáveis pela grande rentabilidade do longa. O realismo de Padilha parece conquistar o público mais pela brutalidade dos personagens do que pelo novo dado somado à história: a noção de uma justiça igualitária representada pelo personagem do defensor dos direitos humanos.

Ao fim, aquilo que era conflito se transforma em reabilitação para o protagonista. Agora imbuído de uma faceta moralmente elevada, o coronel Nascimento passa a utilizar como munição não a artilharia pesada do primeiro filme, mas sua própria voz para denunciar as faces mais obscuras da corrupção. O Estado que deveria prover o bem-estar e garantir os direitos de cada cidadão encontra-se falido e a mercê não apenas do tráfico, mas de milícias e de um “sistema” corrupto.

Não é possível saber até que ponto o filme reflete a realidade, mas claramente baseia-se em situações reais. No livro Elite da Tropa, de 2006, escrito pelos policiais André Batista e Rodrigo Pimentel e pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, é possível identificar alguns dos personagens e das situações apresentadas ao longo da película.

Em suma, trata-se da tentativa de representar uma realidade cuja complexidade não pode ser esgotada em 116 minutos. Entretanto, não deixa de encontrar validade na medida em que propõe o debate sobre a questão da segurança pública, tão pouco e superficialmente discutida até então.

Cinco vezes favela. Agora por nós mesmos (2010) de Manaíra Carneiro, Wagner Novais, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos e Luciana Bezerra.

Funk carioca, arroz com feijão, pipa e, claro, tráfico e violência aparecem neste projeto capitaneado por Cacá Diegues e Renata Almeida Magalhães. O filme-documentário reúne curtas-metragens realizados por jovens cineastas originários de comunidades do Rio de Janeiro. Os diretores retratam sua visão em cinco segmentos sobre a vida das pessoas que moram nas favelas.

Bróder (2010) de Jeferson De

Capão Redondo, bairro de São Paulo. Macu, Jaiminho e Pibe são amigos desde a infância e seguiram caminhos distintos ao crescer. Jaiminho tornou-se jogador de futebol, alcançando a fama. Pibe vive com Cláudia e tem um filho com ela, precisando trabalhar muito para pagar as contas de casa. Já Macu entrou para o mundo do crime e está envolvido com os preparativos de um sequestro. Uma festa surpresa organizada por dona Sonia (Cássia Kiss), mãe de Macu, faz com que os três amigos se reencontrem. Em meio à alegria pelo reencontro, a sombra do mundo do crime ameaça a amizade do trio.

Cortina de fumaça (2010) de Rodrigo Mac Niven

O documentário aborda a relação histórica entre o homem (e as culturas) e as drogas psicoativas, revela as polêmicas em torno da atual classificação das drogas e o ainda precário conhecimento científico sobre seus efeitos. Discute a situação particular da Cannabis (maconha), seu uso medicinal e seu potencial econômico, caso seja legalizada. Demonstra que o álcool e outras substâncias legalizadas são mais prejudiciais que a maconha. O filme mostra os efeitos perversos das  políticas proibicionistas que tiveram como ápice o famoso war on drugs dos EUA e da ONU. Além disto, aponta para o colapso social que algumas cidades, como o Rio de Janeiro, vivem por causa da política de criminalização da droga e da pobreza, que leva para o sistema de justiça criminal, pela via da polícia, os jovens e moradores das periferias e dos morros.

Assalto ao Banco Central (2011) de Marcos Paulo.

O filme “Assalto ao Banco Central” é uma obra de ficção, inspirada no maior roubo a banco do século. Envolvendo desde a preparação da quadrilha aos bastidores da investigação da polícia federal. Em Agosto de 2005 164.7 milhões de reais foram roubados do Banco Central em Fortaleza, Ceará.

Sem dar um único tiro, sem disparar um alarme, os bandidos entraram e saíram por um túnel de 84 metros cavado sob o cofre, carregando 3 toneladas de dinheiro. Foram mais de três meses de operação. Milhares de reais foram gastos no planejamento.

Foi um dos crimes mais sofisticados e bem planejados de que já se teve notícia no Brasil. Quem eram essas pessoas? E o que aconteceu com elas depois? São as perguntas que todo o Brasil se faz desde então.

O Céu sobre os ombros (2011) de Sérgio Borges

O céu sobre os ombros é um filme que rompe as barreiras entre documentário e ficção ao retratar o cotidiano de três personagens de classe média de Belo Horizonte – uma transexual que se divide entre a rotina de profissional do sexo e a vida acadêmica, um operador de telemarketing hare krishna que integra a torcida do Atlético Mineiro e um escritor congolês desiludido com a vida.

Capitães da Areia (2011) de Cecília Amado e Guy Gonçalves

Os “Capitães da Areia” – Pedro Bala, Professor, Gato, Sem-Pernas, Boa Vida e Dora são personagens que Jorge Amado um dia criou para habitarem eternamente na memória de seus leitores. Abandonados por suas famílias, eles são obrigados a lutar para sobreviver pelas ruas de Salvador. Mais atual do que nunca, a história destes personagens imortais da literatura mundial nos emociona e inspira de forma profunda.

Armados (2012) de Rodrigo Mac Niven

O Documentário traz à tona a polêmica questão do desarmamento civil — a partir de entrevistas com representantes de diferentes segmentos sociais: policiais, especialistas e parentes de vítimas do tiroteio na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo — e revela dados impressionantes sobre o universo das armas. Entre os personagens do documentário estão o músico e ativista social Marcelo Yuka (que também assina a trilha sonora original do filme), o coordenador do Programa de Controle de Armas de Fogo do movimento Viva Rio e sociólogo, Antonio Rangel, o delegado da Polícia Civil Orlando Zaccone, o cientista político Luiz Eduardo Soares, o deputado estadual Marcelo Freixo, a presidente da Associação Anjos de Realengo, Adriana Machado, e o diretor da CBC — Companhia Brasileira de Cartuchos (maior complexo industrial de fabricação de munições do Hemisfério Sul), Salesio Nuhs, entre outros.

Dois coelhos (2012) de Afonso Poyart

Edgar encontra-se na mesma situação que a maioria dos brasileiros: espremido entre a criminalidade, que age impunemente, e a maioria do poder público, que só age com o auxilio da corrupção. Cansado de ser vítima desta situação, ele resolve fazer justiça com as próprias mãos e elabora um plano que colocará os criminosos em rota de colisão com políticos gananciosos. Na medida que o plano de Edgar é executado, descobrimos pouco a pouco suas reais intenções e sua história, marcada por um terrível acidente e um amor que ele jamais esqueceu.

O Som ao redor (2012) de Kleber Mendonça Filho

Uma história de vingança e de complô que só se revelam no final supreendente. A vida numa rua de classe-média do Recife, próxima à praia, tomada pela exploração imobiliária e pelos enclaves fortificados, ganha um rumo inesperado após a chegada de um grupo que oferece segurança particular clandestina. Há tensão permanente nas relações entre moradores, empregados, ladrões, traficantes, crianças e pessoas que circulam no bairro. O clima do filme é tenso e o ritmo é lento, compassado, como se estivéssemos à espera de algo revelador. Numa estética inovadora, com tomadas apuradas e sequências quase de pesadelo, o filme é uma crônica do Brasil urbano, com todas as suas contradições, violências, injustiças, presenças e ausências, desde a casa-grande e a senzala, referências ainda constantes no imaginário social. A realidade está fazendo águas por todos os buracos, numa sociedade que parece impossível, como nas Babas do Diabo de Cortázar.

Ozualdo Candeiras e o cinema (2013) de Eugênio Puppo.

Este documentário apresenta a trajetória do cineasta Ozualdo Candeias, desde a época em

que trabalhava como caminhoneiro, até se tornar um ícone da produção conhecida como cinema da Boca do Lixo, nos anos 1970. O filme é narrado pelo próprio Candeias, que comenta suas escolhas cinematográficas e o contexto artístico de São Paulo nesta época

De Menor (2013) de Caru Alves de Souza

O filme conta a história de Helena (Rita Batata), advogada recém-formada, que divide sua rotina como defensora pública de crianças e adolescentes no Fórum de Santos e os cuidados com o jovem Caio (Giovanni Gallo), com quem vive uma relação de cumplicidade e harmonia. O relacionamento dos dois é colocado em xeque quando Caio comete um delito. O filme discute temas bastante pertinentes à realidade brasileira.


Alemão (2014) de José Eduardo Belmonte

Novembro de 2010. Cinco policiais trabalham infiltrados no Complexo do Alemão, uma área que reúne diversas favelas e é considerada um dos locais mais perigosos do Rio de Janeiro. Desmascarados pelos traficantes, eles agora estão presos e aguardam que ou sejam executados ou resgatados pelas forças policiais, o que significaria na divulgação de uma missão clandestina realizada pela polícia militar.

Sem pena (2014) de Eugênio Puppo

Documentário sobre o sistema jurídico e prisional brasileiro. A precária vida nas prisões do país e os medos, preconceitos e equívocos que assombram o tema. A população carcerária brasileira é uma das maiores do mundo e só aumenta.

O Estopim (2014) de Rodrigo Mac Niven

O pedreiro Amarildo de Souza desapareceu na Rocinha, Zona Sul do Rio de Janeiro, no dia 14 de julho de 2013. Segundo inquerito, o homem morreu depois de passar por uma sessão de tortura. A coragem da família e de amigos de Amarildo se transformou em símbolo de resistência e luta da sociedade civil contra a violência do Estado. Misturando cenas com atores e depoimentos reais, o filme não quer só investigar o que aconteceu, mas sim debater a conduta policial nas favelas e a questão da segurança pública do país.

Cativas. Presas pelo coração (2015) de Joana Nin.

Andrea escolhe seu vestido de noiva. Kamila preparase para sua primeira visita íntima ao namorado. Simone sofre com o companheiro viciado em crack. Eliane espera que o seu amado, 22 anos mais moço, se comporte bem. Malu reencontrou o pai de sua filha dez anos depois, mas não tem o direito de viver com ele. Camila não pode vivenciar sua gravidez ao lado do marido. Cida sofreu uma séria desilusão com o homem por quem era apaixonada. Histórias de amor como tantas, mas vividas entre mulheres e presidiários, em meio às muitas limitações e à esperança de uma dia constituir uma família do lado de fora. O filme investiga como são estes casamentos, o que eles são capazes de construir ou destruir na vida delas. Através de relatos emocionados, cartas carinhosamente decoradas e um acesso privilegiado à intimidade dos casais, revela-se esse universo de mulheres livres que se mantêm cativas do lado de fora, em nome do amor.

Operações Especiais (2015) de Tomás Portella.

Um grupo de policiais 100% honestos é enviado a uma cidade do interior do Rio de Janeiro que está sofrendo com o aumento da criminalidade após a criação das UPPs. O governo convoca Paulo Froés (Marcos Caruso), delegado com a ficha mais limpa da corporação, e reúne uma equipe especial para a campanha. Entre os agentes selecionados está Francis (Cleo Pires), uma investigadora novata que precisa provar que tem valor. Em pouco tempo eles resolvem o problema e são aclamados pela opinião pública. Mas a “lua de mel” dura pouco. A aplicação do rigor da lei começa a incomodar a todos. A situação se torna insustentável e o governo se vê forçado a intervir novamente. Mas nem tudo voltará a ser como era antes.

Branco sai, preto fica (2015) de Adirley Queirós

O filme cria suas imagens e sons a partir de uma história trágica: dois homens negros, moradores da maior periferia de Brasília, ficam marcados para sempre graças a uma ação criminosa de uma polícia racista e territorialista da Capital Federal. Mas esses homens não se sentem confortados em contar a história de maneira direta e jornalística. Eles querem fabular, querem outras possibilidades de narrar o passado, abrindo para um presente cheio de aventuras e ressignificações, propondo um futuro.