Luis Fernando de Castro Vascon[1]
Introdução
O advento das plataformas digitais destinadas à produção e comercialização de conteúdo sexual e de nudez, como OnlyFans e Privacy, configura um fenômeno contemporâneo que demanda análises críticas ancoradas nas ciências humanas e sociais. Este trabalho propõe uma investigação inicial sobre a emergência de novas formas de mídias[2] (Couldry; Hepp, 2017) relacionadas a sexualidade, compreendida como um processo histórico ainda em consolidação de mudança sociotécnica, onde as relações mediadas pela conectividade ganham importância crescente, mesmo que não substituam completamente as relações presenciais (Miskolci, 2016). Tomando como eixo articulador as contribuições teóricas de Michel Foucault, especialmente sua concepção de dispositivo de sexualidade, biopoder e técnicas de governo dos corpos (Foucault, 1984, 1985, 2021), busca-se compreender como essas plataformas operam enquanto dispositivos contemporâneos de produção de subjetividades, articulando relações de poder, saber e modos de sujeição.
Com o início do século XXI, observa-se a popularização das formas de sociabilidade virtual decorrente da expansão do acesso à internet, processo que trouxe constantes transformações tecnológicas e, consequentemente, novas interações e dinâmicas sociais através das mídias e redes sociais digitais. Paralelamente, a utilização de aparatos digitais para a criação e venda de conteúdos considerados eróticos e pornográficos tornou-se cada vez mais comum, compondo um nicho amplo em constante transformação, cuja expansão está diretamente atrelada à ampliação de usos mediados por aparatos digitais. Nesse contexto de midiatização profunda[3] (Couldry; Hepp, 2017), a forma pela qual grande parte da população vivencia a sexualidade, bem como o desenvolvimento de suas noções acerca da pornografia e do erotismo, são mediadas pela internet e por aparatos digitais, resultando em novas conjunturas de ordem subjetiva e objetiva.
A transformação das relações íntimas e da sexualidade nas sociedades contemporâneas constitui tema central nas análises de Foucault (2021), onde argumenta que o discurso sobre sexualidade não é simplesmente repressivo, mas fundamentalmente produtivo, criando novas formas de poder e controle sobre os corpos e as identidades. Para o filósofo francês, a sexualidade tornou-se, especialmente a partir do século XVIII, um dispositivo estratégico de saber-poder, através do qual se exercem mecanismos de disciplinamento dos corpos. Foucault (2021) demonstra como as práticas e discursos sexuais foram historicamente regulados e incentivados através de instituições como a medicina, a psiquiatria e os mecanismos confessionais, revelando que o saber sobre a sexualidade é utilizado para moldar e disciplinar indivíduos, contribuindo para a formação de identidades e subjetividades dentro de sistemas de poder mais amplos.
Nesse sentido, as plataformas digitais com conteúdo erótico e sexual podem ser compreendidas como dispositivos contemporâneos que atualizam essas técnicas de poder-saber analisadas por Foucault. As produtoras de conteúdo de plataformas como Privacy e OnlyFans encontram-se inseridas em uma rede complexa de relações que envolvem não apenas a comercialização de imagens e vídeos de seus corpos, mas também a produção de discursos sobre si mesmas, sobre seus desejos e sobre sua sexualidade. Como apontam Gomes, Almeida e Vaz (2009), nos últimos volumes de História da Sexualidade, Foucault opera um deslocamento teórico no eixo do poder, substituindo a noção de poder como relação de forças pela ideia de poder como governo, orientada para técnicas governamentais que apontam efeitos de saber/poder não apenas de centralização e dominação, mas também de individualização e subjetivação. Essa perspectiva é fundamental para compreender como as criadoras de conteúdo digital, ao mesmo tempo que são objetificadas por estruturas de poder mais amplas, exercem certa autonomia na construção de suas personas digitais e na negociação de suas condições de trabalho.
Experiências, Motivações e Desafios das Criadoras de Conteúdo
Para compreender como funcionam essas plataformas, é fundamental partir das experiências das próprias criadoras de conteúdo, mapeando suas motivações, estratégias de produção e os desafios enfrentados. Pesquisas etnográficas recentes revelam que as motivações para produzir e vender conteúdo adulto são diversas e complexas. O trabalho de Pereira (2024) aponta que quando questionadas sobre suas motivações, grande parte das produtoras menciona aspectos financeiros: “pelo salário”, “influência de dinheiro fácil”, “liberdade financeira”, “sou bonita, resolvi monetizar isso”, “pela grana”. Essa centralidade da dimensão econômica não pode ser compreendida de forma simplista, mas deve ser situada em contextos mais amplos de transformações nas relações de trabalho, intimidade e construção de identidades na contemporaneidade.
Entretanto, as experiências das criadoras não se reduzem à dimensão econômica. Muitas relatam que a decisão de produzir conteúdo adulto envolve também processos de exploração da própria sexualidade e construção de identidades alternativas aos padrões heteronormativos tradicionais. Pereira (2024) identificou que cinco dentre nove respondentes de uma pesquisa, informaram não serem solteiras e ainda assim participam da dinâmica de venda e produção de conteúdo adulto, demonstrando formas de vivenciar a sexualidade que diferem do modelo de casamento heteronormativo. Observa-se também a existência de perfis de casais heterossexuais e homossexuais que produzem e vendem conteúdo juntos, configurando identidades sexuais alternativas que aos poucos agregam público ao seu redor, possibilitando outras formas de construção das próprias identidades, especialmente no caso das mulheres que enfrentam e deixam de estar presas ao dilema de agir como mulheres “virtuosas” ou “perdidas” (Pereira, 2024 apud Giddens, 1993).
Os desafios enfrentados pelas criadoras de conteúdo adulto revelam dimensões significativas sobre o funcionamento dessas plataformas digitais e as relações de poder que as permeiam. No estudo de Pereira (2024), quando questionadas sobre as dificuldades na decisão de produzir e comercializar conteúdo adulto, seis das nove respondentes afirmaram ter enfrentado obstáculos nesse processo decisório. O receio do julgamento social emerge como elemento central: todas as seis participantes mencionaram preocupações relacionadas ao estigma, expressas através de relatos como “medo da família descobrir”, “medo de exposição”, “preconceito da sociedade” e “dificuldade no início de falar sobre o que eu trabalho”.
Essa tensão entre a atividade profissional e as relações familiares encontra paralelos no contexto espanhol. Gómez Oña (2024) observa que trabalhadoras de OnlyFans vivenciam dilemas similares: algumas optam por não revelar sua atividade aos familiares, antecipando rejeição explícita ou reprovação moral. Entre aquelas que decidem compartilhar essa informação, particularmente com suas mães, verifica-se um padrão recorrente: embora a reação inicial seja frequentemente marcada por surpresa e desconforto, muitos casos evoluem para uma postura de apoio. As preocupações familiares iniciais concentram-se nos riscos percebidos aos quais as filhas estariam expostas, refletindo o próprio estigma internalizado sobre o trabalho sexual. Nota-se, contudo, uma diferença marcante nas reações conforme o gênero dos familiares: membros masculinos tendem a manifestar maior reprovação, recorrendo a insultos e constrangimentos fundamentados no estigma social.
Estratégias de Produção e Dinâmicas Relacionais nas Plataformas
As plataformas como Privacy e OnlyFans estabelecem dinâmicas específicas de interação que moldam as experiências das criadoras. As plataformas digitais são meios de produção, circulação, consumo e comunicação, alimentadas por dados, automatizadas e organizadas por meio de algoritmos, formalizadas por relações de propriedade, guiadas por modelos de negócios e governadas por termos de acordo dos usuários. Essa arquitetura técnica não é neutra, mas estrutura possibilidades e limites para as práticas das criadoras.
No cotidiano destas plataformas, observa-se que os criadores estabelecem valores de assinatura que variam significativamente, podem interagir com assinantes curtindo, comentando ou enviando mensagens diretas, e têm possibilidade de oferecer conteúdo extras mediante pagamentos adicionais. Essa dinâmica de interação valoriza o trabalho com a imagem não em seu sentido formal, mas enquanto marca pessoal capaz de gerar e potencializar capital humano. As criadoras desenvolvem estratégias diversas: algumas produzem ensaios fotográficos diários para manter engajamento, outras participam de grupos no WhatsApp e Telegram para trocar informações com outras produtoras, compartilhando experiências sobre fotógrafos, clientes e estratégias de marketing, como relata uma das interlocutoras da pesquisa de Gomes Onã:
Um ponto positivo: as meninas tendem a formar pequenos grupos. E você percebe como elas se apoiam mutuamente em momentos difíceis, como atendem às necessidades umas das outra […] Em meio a tanta doença neste mundo, há uma pequena luz no fim do túnel, e essas meninas são essa pequena luz. (Gómez Oña, 2024, p.75).
Neste sentido, essas redes de apoio entre criadoras constituem uma dimensão fundamental do funcionamento das plataformas. Essas trocas de informações funcionam como mecanismos de regulação e segurança das trocas comerciais, auxiliando na identificação de golpes financeiros, proteção contra vazamentos e verificação de perfis profissionais.
Outro ponto importante é que a ascensão das plataformas de conteúdo sexual digital deve ser compreendida no contexto mais amplo da midiatização profunda das sociedades contemporâneas. Práticas sexuais antes invisibilizadas e perseguidas socialmente encontraram lócus de expressão significativo nas mídias digitais, abrindo possibilidades investigativas e analíticas difíceis de serem acessadas no offline. Esse processo não representa simplesmente uma “migração” de práticas do offline para o online, mas uma reconfiguração das próprias práticas, identidades e relações de poder. Essa perspectiva indiscriminada de abertura do ambiente digital conectado, no entanto, trouxe desafios à criação metodológica do trabalho, uma vez que seguir fluxos, participar e partilhar experiências e acessar lugares não vistos exigem justificativas epistemológicas e éticas ligadas às especificidades do digital.
Essa transformação tem implicações profundas para compreender o funcionamento das plataformas: elas não são simplesmente espaços neutros onde trabalhadoras oferecem serviços, mas ambientes que estruturam formas específicas de sociabilidade, produção de valor e subjetivação.
A dinâmica da produção e venda de conteúdo adulto através de plataformas digitais reflete não apenas mudanças tecnológicas e mercadológicas, mas também novas formas de negociação de poder, prazer e identidade, que desafiam fronteiras entre público e privado e entre corpo e mercado. As práticas estudadas evidenciam como as criadoras desenvolvem agência na construção de suas personas digitais, negociam condições de trabalho através de redes de apoio, exploram suas sexualidades de formas que transgridam normas heteronormativas, ao mesmo tempo que enfrentam desafios relacionados ao estigma social, julgamento moral e vulnerabilidades específicas do trabalho mediado por plataformas digitais. Compreender como funcionam essas plataformas a partir das próprias criadoras de conteúdo implica, portanto, reconhecer essa complexidade, evitando tanto análises que as vitimizem quanto celebrações acríticas de uma suposta liberdade neoliberal.
Proposta de pesquisa
Partindo dessas problematizações teóricas, esta proposta de pesquisa estabelece como objetivos investigar as múltiplas dimensões das relações entre produtoras de conteúdo e plataformas digitais de conteúdo sexual. Em primeiro lugar, busca-se compreender como funcionam as plataformas a partir das próprias criadoras de conteúdo, mapeando suas experiências, motivações, estratégias de produção e comercialização, bem como os desafios enfrentados. Trata-se de dar voz às trabalhadoras digitais, compreendendo suas percepções sobre autonomia, liberdade e precarização. Em segundo lugar, objetiva-se analisar criticamente as relações de poder que estruturam o funcionamento dessas plataformas, investigando como se dão os processos de extração de valor, as assimetrias informacionais, as políticas de moderação de conteúdo e os mecanismos algorítmicos que governam a visibilidade das criadoras.
A questão da precarização constitui eixo transversal desta investigação. Pretende-se examinar como as condições de trabalho nas plataformas digitais articulam-se com processos mais amplos de precarização laboral característicos do capitalismo contemporâneo, mas também com especificidades do trabalho sexual, que incluem o estigma social, a vulnerabilidade a violências diversas e a instabilidade regulatória. Além disso, busca-se compreender como as próprias plataformas operam enquanto governamentalidade algorítmica, no sentido foucaultiano, regulando a conduta das criadoras através de mecanismos que vão desde os termos de serviço até os algoritmos de recomendação, produzindo formas específicas de subjetivação marcadas pela lógica do empreendedorismo de si e da otimização contínua.
Para dar conta da complexidade desse fenômeno, propõe-se uma metodologia que articule etnografia digital com análise de discurso. A etnografia digital ou virtual, conforme desenvolvida por autores como Miller e Slater (2004), Hine (2015) e Pink (2018), oferece ferramentas metodológicas adequadas para investigar práticas sociais mediadas por tecnologias digitais. Como apontam Miller e Slater (2004), é fundamental escapar de pensamentos dicotômicos que opõem on-line e off-line, trabalhando sempre com a ideia de contextos em relação. No caso desta pesquisa, isso implica compreender as plataformas de conteúdo sexual e erótico não como espaços autônomos e desconectados, mas como ambientes que se articulam com múltiplos outros contextos sociais, culturais, econômicos e políticos.
A etnografia digital aqui proposta envolverá observação participante das plataformas Privacy e OnlyFans, acompanhamento de perfis de criadoras de conteúdo através de múltiplas redes sociais virtuais (Instagram, Twitter, Telegram), análise da arquitetura e funcionamento das plataformas (interfaces, políticas, mecanismos de monetização) e realização de entrevistas em profundidade com produtoras de conteúdo. Seguindo as orientações de Flick (2009), reconhece-se que em pesquisas sobre temas polêmicos e moralmente carregados como erotismo, sexualidade e pornografia, é fundamental adotar posicionamento “tateante”, reconhecendo que a comunicação do pesquisador constitui parte explícita da produção de conhecimento. A perspectiva parcial e situada, nos termos de Haraway (2009), mostra-se especialmente relevante para uma pesquisa que envolve trabalho sexual digital, demandando reflexividade crítica sobre as próprias posições e atravessamentos do pesquisador.
Complementarmente à etnografia digital, propõe-se utilizar ferramentas de análise de discurso para examinar os enunciados que circulam em torno dessas plataformas: discursos de empoderamento e emancipação, discursos neoliberais sobre empreendedorismo e liberdade, discursos moralizantes sobre pornografia e trabalho sexual, discursos das próprias criadoras sobre suas experiências. Trata-se de compreender, à maneira foucaultiana, como esses discursos produzem realidade, constituem sujeitos e estruturam relações de poder.
A articulação entre etnografia digital e análise de discurso permitirá produzir uma análise multidimensional do fenômeno estudado, capaz de apreender tanto as experiências concretas das criadoras de conteúdo quanto as estruturas de poder mais amplas nas quais essas experiências se inscrevem. Trata-se de evitar tanto o risco de uma análise excessivamente estruturalista, que não daria conta da agência e das táticas desenvolvidas pelas trabalhadoras, quanto o risco de uma análise individualista, que perderia de vista as determinações sociais, econômicas e políticas que configuram o campo de possibilidades dessas mulheres.
É importante destacar que a relevância desta investigação se justifica por múltiplas razões. Em primeiro lugar, as plataformas de conteúdo sexual digital constituem fenômeno emergente e ainda pouco estudado nas ciências humanas brasileiras, demandando atenção crítica da pesquisa acadêmica. Em segundo, a compreensão desse fenômeno é fundamental para debates contemporâneos sobre trabalho na economia digital, precarização laboral, capitalismo de plataforma e suas implicações para direitos trabalhistas e políticas públicas. Em terceiro, do ponto de vista teórico, a investigação dessas plataformas permite atualizar e tensionar conceitos foucaultianos clássicos como dispositivo, biopoder e governo, testando sua produtividade para a análise de configurações contemporâneas de poder que articulam tecnologias digitais, neoliberalismo e governo da sexualidade. Por fim, cabe destacar que esta pesquisa se inscreve em uma perspectiva ética e política de reconhecimento da legitimidade do trabalho sexual e de valorização das experiências e saberes das trabalhadoras sexuais, sem recair em moralismos simplificadores ou em celebrações acríticas acerca de uma liberdade neoliberal.
Bibliografia
BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Tradução de Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019a.
BUTLER, Judith. Corpos que importam: Os limites discursivos do “sexo”. Tradução de Veronia Daminelli e Daniel Yago Françoli. São Paulo: n-1 edições, 2019b.
COULDRY, Nick.; HEPP, Andreas. The Mediated Construction of Reality. Cambridge: Polity Press, 2017.
DAL’ORTO, Caroline Coutinho. Entre o antropológico e o porno-erótico: notas etnográficas de uma antropóloga-camgirl sobre trabalho sexual plataformizado. Horizontes Antropológicos, n. 68, 2024.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A fábrica do sujeito neoliberal. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1: A Vontade de Saber. 11ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2021.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, 2: O Uso dos Prazeres. 5.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, 3: O Cuidado de Si. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
GIDDENS, Anthony. A Transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Ed. UNESP, 1993.
GÓMEZ OÑA, Aitana. Onlyfans. El trabajo sexual digitalizado como convergencia de los intereses patriarcales y neoliberales. 2023.
GOMES, Ivan Marcelo; DE ALMEIDA, Felipe Quintão; VAZ, Alexandre Fernandez. Sobre corpo, reflexidade e poder: um diálogo entre Anthony Giddens e Michel Foucault. Política & Sociedade, v. 8, n. 15, p. 299-320, 2009.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n. 5, p. 7-41, 1995.
HINE, Christine. Ethnography for the internet: Embedded, embodied and everyday. Routledge, 2015.
JONES, Angela. Camming: Dinheiro, poder e prazer na indústria do trabalho sexual. In: Camming. New York University Press, 2020.
MILLER, Daniel; HORST, Heather. (ed.s). Digital Anthropology. London/New York: Berg, 2012.
MILLER, Daniel; SLATER, Don. Etnografia on e off-line: cybercafés em Trinidad. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 10, n. 21, p. 41-65, jan/jun. 2004.
MISKOLCI, Richard. Sociologia Digital: notas sobre pesquisa na era da conectividade. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 6, n. 2, p. 275-297, jul.-dez. 2016.
MOROZOV, Evgeny. Big tech: a ascensão dos dados e a morte da política. Tradução de Claudio Marcondes. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
PARREIRAS, Carolina; LINS, B.; FREITAS, E. Estratégias para pensar o digital. Cadernos de Campo (São Paulo, online). v. 29, n. 2, p.1-10. USP, 2020.
PARREIRAS, Carolina. Altporn, corpos, categorias, espaços e redes: um estudo etnográfico sobre pornografia online. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Campinas, 2015.
PARREIRAS, Carolina. Altporn, corpos, categorias e cliques: notas etnográficas sobre pornografia online. Cadernos Pagu, n. 38, p. 197-222, jan.-jun, 2012.
PINK, Sarah. Doing Visual Ethnography. 3rd ed. London: SAGE Publications, 2018.
SOARES, Marcelo. Sexo e corpos plataformizados: neoliberalismo como gestão do desejo em tempos de capitalismo de plataformas. Anais do 47º Encontro Anual da ANPOCS, 2023.
[1] Doutorando em Ciências Sociais pela UNESP. O pesquisador é apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
[2] Couldry e Hepp definem mídias (media) de forma específica, focando estritamente nas “mídias de comunicação de base tecnológica que institucionalizam a comunicação”. Os autores excluem deliberadamente “mídias simbólicas generalizadas” (como o dinheiro) e “mídias primárias” (como a linguagem). Essa institucionalização ocorre através da “materialização” da mídia — que engloba o dispositivo, a infraestrutura (cabos, satélites, etc.) e as normas de uso. Consequentemente, as mídias nunca são ferramentas neutras; elas moldam ativamente os processos comunicativos (Couldry; Hepp, 2017).
[3] O conceito de midiatização profunda (deep mediatization), conforme desenvolvido por Couldry e Hepp, refere-se ao estágio atual da midiatização, correspondente às ondas de digitalização e dataficação. Esta fase distingue-se por uma “incorporação muito mais intensa” da mídia nos processos sociais (Couldry; Hepp, 2017).
O Observatório de Segurança Pública da UNESP é um portal da Internet que procura facilitar acesso às informações sobre Segurança Pública no Estado de São Paulo.








