Documento
Dados da obra
Autor
Rede de Observatórios da Segurança
Título
Retratos da violência: Novos dados do Maranhão e Piauí
Tipo
Relatório
Resumo
A Rede de Observatórios da Segurança chegou ao Maranhão e ao
Piauí em agosto de 2021. Um movimento que aconteceu graças
aos nossos parceiros nesses dois estados: a Rede de Estudos Periféricos,
ligada a Universidade Federal do Maranhão - UFMA e o Instituto Federal
do Maranhão - IFMA, que conta com pesquisadores periféricos, e o
Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da Universidade
Federal do Piauí - UFPI, uma iniciativa que já tem uma trajetória
de 20 anos. Seis meses depois, o primeiro resultado do monitoramento:
registramos um evento violento a cada três horas nesses estados.
Os novos observatórios chegaram em um momento de maturidade da
Rede. Esse passo só foi dado depois de dois anos operando em cinco estados
(BA, CE, PE, RJ e SP) e amadurecendo o trabalho e nossa metodologia
de produção cidadã de dados. Entendemos que as questões estruturais
do racismo, do machismo e de classe recortam todos os 16 indicadores
que monitoramos. Acompanhar os dados da violência é nossa forma de
contribuir para a mudança dessa realidade. Monitorar o que acontece no
contexto de segurança e violência é uma forma de
ampliar nossas análises e cobrar políticas públicas
que incluam a sociedade civil no processo decisório
através dos dados produzidos e de suas prioridades.
Existem dinâmicas novas e preocupantes em
curso no Maranhão e Piauí, com movimentações de
facções, novos tipos de violência em bairros periféricos,
uma realidade marginal que vem se ampliando
e estabelecendo a morte de jovens como norma. Nas
políticas de segurança pública em curso nos estados
predomina um cotidiano bélico que tem como
efeito o “deixa morrer”.
A Rede ainda monitora um conjunto de indicadores e dados que as
secretarias não acompanham, como chacinas e linchamentos. No boletim
Pele Alvo, publicado pela Rede no ano passado, não conseguimos
saber o percentual de negros mortos pela polícia no Maranhão porque
o estado simplesmente não acompanha a cor das vítimas, mas as fotos
nos jornais nos contam que quem morre são pessoas negras - no Piauí,
90% dos mortos eram negros. A falta de informação racial das vítimas da
polícia maranhense nos mostrou o quão importante é a nossa atuação.
Este boletim reúne as informações coletadas pelos nossos pesquisadores
em seis meses de análise diária das informações produzidas
por jornais, sites de notícias, grupos de WhatsApp, contas do Twitter e a
sistematização dessas informações em um banco de dados. Essa base é
posteriormente confirmada e criticada por outros membros da equipe,
que também produzem as tabelas que serão apresentadas aqui. Os dados
da Rede de Observatórios fomentam o debate sobre novas formas de se
fazer segurança pública.
Citação
Palavras-chave
violência | Maranhão | Piauí
Ano
2022